Seita no Quênia pregava “culto da fome”, número aumenta para 103 mortos
Membros foram incentivados a ficar em jejum até a morte para "conhecer Jesus" por líder de igreja.
A polícia do Quênia descobriu a existência de corpos de seguidores de um culto que forçava as pessoas a jejuarem até a morte para alcançarem Jesus. As autoridades iniciaram as buscas na floresta de Shakahola, perto da cidade costeira de Malindi, na semana passada, após a denúncia de uma possível vala com cadáveres de seguidores da Igreja Internacional da Boa Nova (Good News International Church).
Em um relatório, a polícia indicou que recebeu informações sobre várias pessoas “mortas de fome com o pretexto de conhecer Jesus depois que um suspeito, Makenzie Nthenge, pastor da Igreja Internacional da Boa Nova, fez nelas uma lavagem cerebral”.
Seguidores da Igreja viviam em vários assentamentos isolados em uma área de 800 acres dentro da floresta Shakahola.
O líder da igreja, se entregou à polícia e está detido desde 15 de abril. Ele comparecerá a uma audiência com um juiz em 2 de maio.
Nthenge já havia sido preso em março depois que duas crianças, cujos pais são membros da seita, morreram de fome. Mas, ele pagou uma fiança de 100.000 xelins quenianos (cerca de R$ 3,7 mil, na cotação atual) e foi solto. As descobertas macabras provocam perguntas sobre as ações das autoridades, que tinham conhecimento das atividades do pastor desde 2017.
O número de mortos inclui 103 pessoas encontradas em valas comuns, oito que foram encontradas vivas e emaciadas, mas depois morreram e 36 sobreviventes foram resgatados, incluindo crianças e pessoas na faixa dos 17 aos 49 anos. A polícia ainda está procurando por outros em potencial. Os corpos foram encontrados ao longo dos últimos três dias, no leste do país. No domingo (23), uma mulher foi localizada pelas autoridades com fraqueza e recusando-se a comer. Ela foi levada a um hospital pelos policiais.
Um policial afirmou à AFP (Agence France-Presse) que Nthenge iniciou uma greve de fome e “está orando e jejuando” na prisão. Além dele, outros seis fiéis também foram detidos.
*Escrito por Brenda Beheraborde, sob supervisão de Olímpio Bisneto